Entenda o que é a artrite reumatóide, como age no corpo e quais são os sintomas e tratamentos!
Antes de começar esse artigo e falar mais profundamente sobre a artrite reumatoide, queremos alertar: não podemos dizer que ela é o mesmo que reumatismo! O termo “reumatismo” em si é um guarda-chuva que abriga mais de 100 condições que incluem os diversos tipos de artroses. Boa parte delas são crônicas e muitas possuem sintomas similares à artrite, porém não são as mesmas.
Sabendo disso, podemos continuar lembrando que a artrite reumatoide é uma doença bastante comum e que, ao contrário da crença popular, não é uma “doença de velho”. Mesmo jovens podem ser afetados e suas consequências, quando não tratadas, são graves!
Quer entender como a doença ocorre, seu diagnóstico e tratamentos? Continue a leitura para saber tudo sobre a artrite reumatoide.
O que é artrite reumatoide?
A doença é uma condição crônica que causa uma inflamação no tecido que reveste articulações. O mais comum é que a doença atinja múltiplas articulações ao mesmo tempo, como:
- Joelho;
- Quadril;
- Ombros;
- Mãos;
- Punhos.
Além disso, alguns casos mais raros podem ter órgãos afetados, como: coração, pulmões, rins, vasos sanguíneos e olhos. Isso é especialmente comum em quadros graves e mais avançados da doença.
Inicialmente, pacientes não percebem a gravidade da situação pensando que é somente uma dor passageira. No entanto, com o tempo as dores tornam-se limitantes e afetam, inclusive, a vida social do indivíduo. Elas podem impedir que a pessoa pratique atividades físicas e até deixe de sair de casa.
Pessoas mais afetadas pela artrite reumatoide
Quando falamos em doenças reumatológicas pensamos imediatamente na terceira idade. Mas essa não é a faixa etária mais afetada necessariamente pela artrite! Os picos de incidência da doença são na adolescência, época em que costumam ocorrer casos mais graves, e entre os 40 e 60 anos.
A doença é bastante comum, chegando a afetar cerca de 1% das pessoas em todo o mundo. Além disso, as mulheres são as pacientes mais frequentes com artrite. Estima-se que exista um fator genético envolvido na alta incidência entre o sexo feminino, porém ainda não se sabe a causa exata da doença.
Diagnóstico da doença com o reumatologista
Após perceber dores que duram mais de três meses o paciente precisa procurar um reumatologista, já que a condição deve ser crônica. Neste momento inicia-se a investigação da artrite através de análise da história clínica do indivíduo e exames laboratoriais.
É importante saber que o diagnóstico da doença é multifatorial. Ou seja, não existe um único exame que pode indicar que uma pessoa tem de fato ou não os tipos de artroses que existem.
Inicialmente, o especialista em reumatismos precisa entender o histórico de dor. Há quanto tempo ela acontece? Quais partes do corpo são afetadas? Existem sintomas relacionados ao problema, mesmo que não sejam articulares?
Depois, ainda é necessário realizar exames de sangue para identificar anticorpos comuns em pessoas com a condição. O fator reumatóide e anticorpos contra peptídeos citrulinados, por exemplo, costumam estar presentes nestes exames. Também é possível identificar alta dosagem de proteína C reativa, um indicativo de inflamação.
Em alguns casos o médico pode solicitar exames de imagem, como raio-X e ultrassom. O objetivo é descartar outras patologias articulares e identificar se existem danos em tendões, membranas e ossos afetados pela artrite.
Como a artrite reumatoide afeta pessoas jovens
Estudos indicam que 8 em cada 100.000 jovens adultos entre 18 e 34 anos são diagnosticados com artrite reumatoide. É uma condição rara nessa faixa etária, mas bastante limitante que pode ter efeitos graves na vida do paciente.
Muitos ficam em choque quando recebem o diagnóstico, temendo precisar deixar de trabalhar ou realizar suas atividades físicas e de lazer. Isso realmente é possível, mas somente quando o problema não recebe tratamento adequado.
Pacientes jovens com artrite reumatoide sentem as mesmas dores relatadas pelas pessoas mais velhas. Rigidez matinal, perda de mobilidade e desconforto durante atividades físicas são frequentes, mas podem ser controladas com os medicamentos corretos.
O maior impacto que o problema apresenta nessa faixa etária, no entanto, é o estigma social enfrentado por pacientes. Por ser uma condição crônica que a pessoa enfrentará pelo resto da vida, muitos sentem vergonha de admitir o problema para sua família e círculo social. Indivíduos podem, inclusive, tornar-se mais retraídos ou desenvolver problemas emocionais e psicológicos.
Como a artrite reumatoide afeta pessoas idosas
Um dos grandes agravantes na terceira idade é a presença de condições pré-existentes. Muitos já possuem lesões articulares, cirurgias ou até outras doenças inflamatórias que agravam o quadro. Por isso, a perda de funções e mobilidade pode parecer mais rápida e grave nesta faixa etária.
Esses pacientes precisam de acompanhamento cuidadoso, especialmente ao considerar os efeitos do próprio envelhecimento. Pessoas idosas possuem menor capacidade de propriocepção, aumentando a chance de quedas e lesões sérias que podem prejudicar a recuperação da artrite reumatoide.
Além disso, a presença da condição desestimula o idoso de sair de casa e manter uma vida mais ativa. O sedentarismo é um fator agravante que aumenta a dor e perda progressiva de mobilidade de articulações afetadas pela doença.
Tratamento da doença
Falamos anteriormente que a artrite é crônica, ou seja, não tem cura. Mas pode ser controlada, contanto que receba a atenção e atendimento adequados. O tratamento é multidisciplinar, envolvendo reumatologista, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional e, frequentemente, psicólogo ou psiquiatra.
Os medicamentos têm como objetivo reduzir a inflamação para evitar danos articulares e prevenir que se espalhe para outros órgãos. Nos estágios iniciais, eles também auxiliam no controle da dor, permitindo que o paciente inicie outras atividades que devem colaborar com o tratamento, como fisioterapia e terapia ocupacional.
O acompanhamento médico precisa ser constante, já que anti-inflamatórios e corticoides usados para conter a doença possuem efeitos colaterais.
Convivendo com a doença
O estilo de vida de pacientes com artrite reumatoide precisa de algumas mudanças para conseguir controlar sintomas e obter os melhores resultados possíveis com o tratamento medicamentoso. Primeiramente, é importante manter a atividade física para evitar perdas e danos articulares causados pela doença.
Manter contato com outras pessoas que já passaram pelo mesmo processo também é importante. Hoje em dia existem grupos de ajuda online para pacientes com artrite. Eles são bastante frequentados por pacientes jovens, que encontram neles uma forma de entender melhor sua condição e evitar o isolamento social causado pela perda de mobilidade.
Marcelo Corrêa é formado em medicina pela UFPA, com residência em Clínica Médica pela Universidade de Taubaté e em Reumatologia pela Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina e Mestrado em Reumatologia pela mesma instituição. CRM/PA 6388. RQE 5441.