Muito se ouve falar sobre Epilepsia e suas avassaladoras crises de convulsão, mas você sabe o que fazer quando alguém tiver uma crise perto de você? Leia aqui tudo sobre o assunto!
Quando alguém diz que sofre de Epilepsia, logo ficamos nos perguntando se essa pessoa pode ter uma vida absolutamente normal, ou se sofre limitações por causa do problema não é mesmo? Além disso, nossa cabeça se confunde porque não sabemos muito bem o que fazer caso presenciemos alguma convulsão.Recentemente, os jornais noticiaram sobre um acidente muito grave na cidade do Rio de Janeiro, em que um motorista invadiu a orla da praia (calçadão) atingindo muitas pessoas com o carro desgovernado.
Apesar da gravidade desse acidente em específico, uma pessoa que sofre de epilepsia não está impedida de dirigir ou de levar uma vida normal como qualquer outra. Para pensar sobre o assunto e essas questões que vamos esclarecer algumas dúvidas sobre o assunto. Leia com atenção e informe-se! Talvez você conheça alguém que vai precisar da sua ajuda!
O que é epilepsia?
A epilepsia é uma disfunção do cérebro que cursa com descargas elétricas anormais e excessivas do cérebro, que interrompem temporariamente sua função habitual e produzem manifestações involuntárias no comportamento, no controle muscular, na consciência e/ou na sensibilidade do indivíduo.
Toda convulsão é uma crise epiléptica, mas além da convulsão existem várias formas de crises epilépticas. Na convulsão o paciente apresenta movimentos grosseiros de membros, desvio dos olhos, liberação de esfíncteres e perda de consciência. E um exemplo comum de crise epiléptica não convulsiva é a crise de ausência. Essa crise é relativamente freqüente, uma vez que acomete 1 a 2 pessoas em um grupo de 10 indivíduos. Estima-se que haja cerca de 3 milhões de pessoas com epilepsia somente no Brasil.
É possível ter uma crise convulsiva e não ser epiléptico?
Sim, uma crise isolada e sem doença subjacente não fecha o diagnóstico de epilepsia. Alguns fatores podem desencadear crises epilépticas:
- Mudanças súbitas da intensidade luminosa ou luzes a piscar (televisão, computador, vídeo-game, discotecas)
- Privação de sono
- Libação alcoólica
- Febre
- Ansiedade
- Cansaço
- Algumas drogas e medicamentos
- Distúrbios metabólicos
O que fazer durante uma crise?
Fora do ambiente hospitalar o observador deve voltar a cabeça do paciente para o lado, se possível, sobre uma almofada ou travesseiro. Isso ajuda a proteger contra traumatismos na cabeça e também evitar que ocorra aspiração de alimentos, salivação ou vômitos para o pulmão. Observe as figuras abaixo:
Não se deve tentar puxar a língua do paciente, pois o observador pode sofrer lesão grave da mão e neste tipo de crise, ao contrario dos desmaios, a língua costuma ficar em sua posição normal. Geralmente a crise dura alguns segundos a minutos e o paciente pode ser levado ao hospital com tranqüilidade, se a crise for inédita ou conforme orientação médica. Caso a crise dure mais que 5 minutos, deve-se levar o paciente imediatamente ao hospital, para que se possam usar medicamentos para abortar a crise.
Quais são as causas de epilepsia?
Muitos fatores, genéticos ou adquiridos podem causar lesão nos neurônios a ponto de causar epilepsia. As causas mais frequentes são:
· traumatismos cranianos
· drogas ou tóxicos
· acidente vascular cerebral
· doenças degenerativas do cérebro
· doenças infecciosas e parasitárias
· distúrbios vasculares, metabólicos e nutricionais
· tumores
· fatores genéticos
· traumatismos de parto
· malformações cerebrais
A epilepsia pode ser contagiosa ou passada pros filhos?
Apesar de poder ser provocada por uma doença infecciosa, a epilepsia não é contagiosa, ninguém se torna epiléptico por contato. Em poucos casos a epilepsia é secundária a fatores genéticos e, mesmo nestes a hereditariedade não é certeza, portanto, em raros casos, a epilepsia pode ser transmitida aos filhos. Um fator que pode explicar maior incidência de epilepsia entre parentes próximos é que algumas doenças infecciosas, são contagiosas, expondo parentes próximos a uma incidência maior. Por exemplo, a cisticercose que é causada pela ingestão de cistos provenientes da Taenia solium, pode ser adquirida em alimentos contaminados compartilhados pela família.
Cerca de 3 milhões de brasileiros têm epilepsia, mas para a população em geral o risco de ter epilepsia é de 1%. Se um dos pais apresentar a doença, esse risco aumenta para 2 a 4 %. Porém se os dois tiverem crises, o risco pode chegar a 30%. Já para irmão gêmeos, quando um deles tem crises epilépticas, o risco para o outro é de 10 a 20 % se não forem gêmeos idênticos é de 80% se forem idênticos.
Como saber se tenho epilepsia?
O exame mais importante para o diagnóstico de epilepsia é o Eletroencefalograma (EEG), que pode ser realizado no intervalo ou durante as crises, quando então a chance de identificar o local e a causa do problema é bem maior. O EEG ajuda o médico na classificação do tipo de epilepsia, na escolha da medicação mais adequada, na definição do tempo de tratamento e na programação de outros exames complementares como, por exemplo, a Tomografia Computadorizada e a Ressonância Magnética que podem identificar lesões cerebrais e constatar a causa da epilepsia.
Quando se identifica uma causa que provoque a epilepsia, esta é designada por “sintomática”, ou seja, a epilepsia é apenas o sintoma pelo qual a doença subjacente se manifestou; em 65% dos casos não se identifica nenhuma causa, é a epilepsia “idiopática”.
A epilepsia tem cura?
Cerca de metade das epilepsias que ocorrem na infância desaparecem com o tempo e a maturidade cerebral. No entanto, na maioria dos casos não há cura, mas sim tratamento. Essa tratamento é realizado através da escolha da medicação antiepiléptica a ser utilizada que é feita com base no tipo de crise apresentada pelo paciente e resultado dos exames complementares.
Por isso, 70% das pessoas com epilepsia têm as crises completamente controladas com esses medicamentos. E o primeiro passo para o controle adequado das crises é o uso coreto destas medicações, respeitando rigorosamente a orientação do médico quanto às doses e horários em que devem ser tomadas.
Em geral a medicação deve ser usada por anos ou até o final da vida. Para os 30 % restantes que não controlam as crises com medicamentos, há alternativas, como o tratamento cirúrgico, que promove a remoção da parte do cérebro que dá origem à descargas elétricas que causam a crise. Em determinadas situações o médico pode recomendar a mudança no padrão alimentar, que pode levar a uma alteração no metabolismo do paciente, favorecendo o controle das crises.
Dá pra viver uma vida normal com a epilepsia?
A maioria das pessoas com epilepsia aparenta levar uma vida normal. Ainda que a epilepsia atualmente não tenha cura definitiva, em algumas pessoas ela eventualmente desaparece. A maioria dos ataques epiléticos não causa lesão cerebral. Não é incomum que pessoas com epilepsia, especialmente crianças, desenvolvam problemas emocionais e de comportamento.
Para muitas pessoas com epilepsia o risco de ataques epiléticos restringe sua independência. A maioria das mulheres com epilepsia pode ficar grávida, mas deve discutir com o médico sobre sua doença e medicamentos tomados. Mulheres com epilepsia tem uma chance maior de 90% de ter um bebê saudável.
Conclusão
Para finalizar, reafirmamos a importância de buscar ajuda de profissionais da área da saúde se você tiver esse problema ou conhecer alguém que tenha. É preciso saber que o médico neurologista é responsável pelo diagnóstico correto e pelo tratamento medicamentoso, caso haja necessidade. O profissional psicólogo pode ser muito útil também, isso porque muitas vezes a pessoa sente medo do inesperado da crise e tende a ficar insegura ou traumatizada. A musicoterapia também pode ser um bom meio de trabalhar as questões emocionais e por consequência, aumentar o intervalo das crises!
O apoio da família, de amigos e de pessoas próximas é de fato fundamental para a superação de todo e qualquer tipo de problema. É sempre bom contar com quem amamos quando precisamos! Além disso, se alimente bem e faça exercícios!
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